sexta-feira, 29 de maio de 2009

Lixo e Coleta Seletiva

Lixo

Um dos principais problemas encontrados nas cidades, especialmente nas grandes é o lixo sólido, resultado de uma sociedade que a cada dia consome mais. Esse processo decorre da acumulação dos dejetos que nem sempre possui um lugar e um tratamento adequado. Isso tende a aumentar, uma vez que a população aumenta e gera elevação no consumo, e consumo significa lixo.

Para ter uma noção mais ampla do problema tomemos a cidade de São Paulo como exemplo, em média cada pessoa produz diariamente entre 800 g a 1 kg de lixo diariamente, ou de 4 a 6 litros de dejetos, por dia são gerados 15.000 toneladas de lixo, isso corresponde a 3.750 caminhões carregados diariamente. Em um ano esses caminhões enfileirados cobririam o trajeto entre a cidade de São Paulo e Nova Iorque, ida e volta.

A questão do lixo está diretamente ligada ao modelo de desenvolvimento que vivemos, vinculada ao incentivo do consumo, pois muitas vezes adquirimos coisas que não são necessárias, e tudo que consumimos produzem impactos. Há aproximadamente 40 anos a quantidade de lixo gerada era muito inferior à atual, hoje a população aumentou, a globalização se encontra em um estágio avançado, além disso, as inovações tecnológicas no seguimento dos meios de comunicação (rádio, televisão, internet, celular etc.) facilitaram a dispersão de mercadorias em nível mundial.

Antes do processo da Primeira Revolução Industrial o lixo produzido nas residências era composto basicamente de matéria orgânica, dessa forma era fácil eliminá-los, bastava enterrar, além disso, as cidades eram menores e o número da população restrita.

Mais tarde com o crescimento em escala mundial da industrialização, acelerado aumento da população e dos centros urbanos, que ocorreu principalmente na segunda metade do século XX, desencadeou um aumento significativo na quantidade de lixo e variedades em suas composições. Atualmente quando compramos algo no supermercado o lixo não é apenas gerado pelo produto em si, pois existe a etapa de produção (cultivo, extração de minérios, transporte, energia) e depois para o consumidor final tem a sacola e o cupom fiscal.

Nas cidades que contam com serviços de coleta do lixo esse é armazenado em dois tipos de “depósitos”: os lixões nos quais os dejetos ficam expostos a céu aberto e os aterros sanitários onde o lixo é enterrado e compactado.

Os lugares que abrigam os depósitos de lixo geralmente estão localizados em áreas afastadas das partes centrais do município.

É comum em bairros não assistidos pelo serviço de coleta de lixo que o depósito dos lixos seja em locais impróprios, como encostas, rios e córregos. A população desses bairros negligencia os sérios danos que tais ações podem causar à biodiversidade e ao homem, diante disso destaca-se: dispersão de insetos e pequenos animais (moscas, baratas, ratos), hospedeiros de doenças como dengue, leptospirose e a peste bubônica.

O lixo acumulado produz um líquido denominado de chorume, esse possui coloração escura com cheiro desagradável, a substância gerada atinge as águas subterrâneas (aqüífero, lençol freático), além disso, existe a contaminação dos solos e das pessoas que mantêm contato com os detritos, deslizamentos de encostas, assoreamento de mananciais, enchentes e estrago na paisagem. Os lixões retratam além dos problemas ambientais os sociais, a parcela da sociedade excluída que busca nesses locais materiais para vender (papéis, plásticos, latas entre outros), às vezes as pessoas buscam também alimentos, ou melhor, restos para o seu consumo, muitas vezes estragados e contaminados, demonstrando o ápice da degradação humana.

Coleta Seletiva

O sistema de coleta seletiva não pode ser definido como autônomo e economicamente sustentável. Muitas melhorias devem ser realizadas em relação à participação da população, à inserção dos catadores autônomos no mercado formal, à colaboração da prefeitura e à segurança dos cooperados.

O alto índice de rejeito, material que não poderá ser reciclado devido, por exemplo, à contaminação, é uma das questões que demonstram os problemas enfrentados pela coleta seletiva. Em Santo André, na grande São Paulo, o número de rejeitos alcança 50% de todo os produtos recolhidos, enquanto na cidade de São Paulo esse percentual é de 28%.

Segundo a pesquisadora, campanhas informativas mais freqüentes devem ocorrer para produzir uma maior participação da população. Ela lembra que, no início da coleta na cidade de São Paulo, panfletos explicativos foram distribuídos. "Mas hoje as pessoas estão desorientadas. Não sabem onde deixar o lixo ou em que dia ele será recolhido. A informação se perde ao longo do tempo e precisa ser renovada".

Ao colocar o lixo em locais e horários em que a coleta não passa, a população acaba contribuindo com os catadores autônomos. Segundo a professora, isso é um problema, pois esses trabalhadores, apesar de conseguirem uma renda com o lixo, acabam não sendo inseridos socialmente. "Além dos problemas de segurança, os autônomos têm maior dificuldade para progredir. Com cursos e organização, os cooperados acabam tratando melhor o material e conseguindo maior rendimento. Além disso, os autônomos são mal vistos pela população", acredita.

Diante disso, a pesquisadora defende que mais projetos devam ser desenvolvidos para incentivar os autônomos a participar de uma cooperativa. Mas, mesmo que isso ocorra, ela lembra que muitos catadores não desejam sair da atual condição. "Trabalhando por si mesmos, eles pegam o material e vendem quando querem. Se fossem cooperados, eles seriam obrigados a esperar o final do mês, pois nesse sistema toda a renda é somada e dividida entre todos a cada 30 dias".

Uma das soluções propostas é em relação ao fluxo de caixa. "Se as prefeituras colaborassem mais, as cooperativas teriam mais dinheiro circulando e, assim, poderiam pagar os catadores com intervalos mais curtos ou ajudá-los em alguma emergência, atraindo mais deles para dentro", ressalta.

Mesmo com a necessidade de uma maior proximidade entre cooperativas e prefeituras, quase todos os 11 municípios da região que apresentam parcerias informais. Isso causa grandes problemas para os cooperados em períodos de mudança de gestão. "Diadema é o único local onde já existe uma lei municipal que estabiliza essa situação", revela a pesquisadora.

Se essas parcerias fossem firmadas com maior segurança, seria possível colaborar fortemente para a diminuição do índice de desemprego dos municípios. "É barato criar um posto de trabalho em uma cooperativa. A prefeitura gasta cerca de R$ 1 a R$ 3 mil reais".
Ações mais efetivas nesse sentido poderiam modificar a grande diferença existente entre a quantidade de cooperados e de autônomos. Segundo a pesquisa, são cerca de 1200 cooperados e 20 mil autônomos na grande São Paulo.

A pesquisa identificou uma renda média de R$ 400 entre os cooperados. Apesar disso, números muito discrepantes foram encontrados. "Em Barueri, o rendimento de cada cooperado é de R$ 941 e, em Itapecerica, de R$ 125. O sistema eficiente e a localização, que colabora com a pequena concorrência com os autônomos e a obtenção de um material rico, ajudou muito a cooperativa de Barueri. Enquanto que a de Itapecerica é desorganizada", ressalta. A renda da capital é de R$ 500.

Por fim, a pesquisa adverte sobre a necessidade de conscientizar os cooperados em relação à importância do uso dos equipamentos de segurança. Cerca de 80% das cooperativas disponibilizam pelo menos luvas e botas, mas nem sempre elas são usadas. "Os presidentes encontram grande dificuldade, pois não são como os patrões que obrigam seus funcionários a usarem os equipamentos", comenta.

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